Um velho cipreste vivia feliz no meio da mata, até que uma
quaresmeira brotou ali perto e, crescendo, floresceu pela primeira vez.
A velha árvore observou a beleza e colorido das flores da quaresmeira e o balançar de seus ramos
floridos, e exclamou tristemente:
- Eu sou sempre igual e nenhuma flor colorida alegra o meu
verdor!
Assim pensando, sentiu o peso dos anos vividos e seus
galhos, até então erguidos orgulhos para o céu, decaíram sem vigor.
As árvores vizinhas logo perceberam p que se passava com o
cipreste e comentaram o fato entre si.
Um pintassilgo andava à procura de um bom lugar para edificar seu ninho
e soube da tristeza do cipreste.
Meditou: “ Vou fazer meu ninho entre os ramos e quem sabe se, com meus
gorjeios e de minha companheira, conseguirei trazer-lhe um pouco de
alegria.” Se assim pensou, assim fez.
Outras avezinhas, ao terem notícias dessa ação tão carinhosa
do pintassilgo, procuraram imitá-lo e vieram fazer seus ninhos no cipreste.
O velho arbusto, assim, viu-se todo enfeitado de ninhos e de
avezinhas multicores. Embevecidos, ouvia
seus doces trinados, do nascer ao pôr do sol.
Quando a quaresmeira voltou a florir, o cipreste nem teve
tempo de notar sua beleza, tão ocupado estava com o fortalecimento de seus
ramos, para melhor proteger os ninhos de seus delicados inquilinos.
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