domingo, 11 de dezembro de 2016

O cipreste

Um velho cipreste vivia feliz no meio da mata, até que uma quaresmeira brotou ali perto e, crescendo, floresceu pela primeira vez.
A velha árvore observou a beleza e colorido das flores  da quaresmeira e o balançar de seus ramos floridos, e exclamou tristemente:
- Eu sou sempre igual e nenhuma flor colorida alegra o meu verdor!
Assim pensando, sentiu o peso dos anos vividos e seus galhos, até então erguidos orgulhos para o céu, decaíram sem vigor.
As árvores vizinhas logo perceberam p que se passava com o cipreste e comentaram o fato entre si.  Um pintassilgo andava à procura de um bom lugar para edificar seu ninho e soube da tristeza do cipreste.  Meditou: “ Vou fazer meu ninho entre os ramos e quem sabe se, com meus gorjeios e de minha companheira, conseguirei trazer-lhe um pouco de alegria.”  Se assim pensou, assim fez.
Outras avezinhas, ao terem notícias dessa ação tão carinhosa do pintassilgo, procuraram imitá-lo e vieram fazer seus ninhos no cipreste.
O velho arbusto, assim, viu-se todo enfeitado de ninhos e de avezinhas multicores.  Embevecidos, ouvia seus doces trinados, do nascer ao pôr do sol.
Quando a quaresmeira voltou a florir, o cipreste nem teve tempo de notar sua beleza, tão ocupado estava com o fortalecimento de seus ramos, para melhor proteger os ninhos de seus delicados inquilinos. 

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